sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Noite Branca em BH!!!

    
          Vai acontecer hoje em BH um evento sensacional, a Noite Branca! O evento foi organizado aos moldes da das suas versões que acontecem nos países nórdicos, onde, as noites são claras.
              
                  
      
          O que mais me chamou a atenção é que o evento também acontece em Paris, e é lógico que com uma informação dessa eu fico até babando.
          Por enquanto eu vou conferir o que rola hoje lá no parque municipal, mas tô de olho na agenda, quem sabe pego essa onda em Paris!!


         O texto abaixo fala do conceito elaborado pelos organizadores do evento:
     Noite Branca é uma expressão originada na Rússia e nos países nórdicos que refere-se ao fenômeno do crepúsculo permanente, em que a noite não chega a escurecer. Posteriormente, o termo é adotado em uma série de eventos em várias localidades do mundo para celebrar uma noite dedicada às artes. Em Belo Horizonte, o lugar escolhido para a realização do evento é o mais importante espaço público da cidade: o Parque Municipal, onde está inserido o Palácio das Artes, tradicional complexo cultural de Belo Horizonte. Durante uma noite inteira, do entardecer do dia 14 ao amanhecer do dia 15 de setembro de 2012, o Parque Municipal e o Palácio das Artes são abertos à visitação pública para oferecer uma vasta programação de instalações artísticas e arquitetônicas, mostra de vídeos, feira de publicações, apresentações musicais e cênicas. O que se propõe, em síntese, é a rara oportunidade da experiência noturna do parque, em toda sua extensão, mediada pelas realizações dos artistas convidados.
   Criado como parte do plano urbanístico de Aarão Reis para nova capital, o Parque Municipal possui hoje aproximadamente 18 hectares, o equivalente a pouco menos de um terço de sua área original, de 62 hectares, em 1897. Em 1941, Oscar Niemeyer projeta ali o Teatro Municipal, sob o conceito de “um teatro dentro do parque”, que seria finalmente aberto como Palácio das Artes em 1970. Neste momento, o projeto havia sido adaptado e ampliado pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto, conectando-se mais diretamente com a avenida Afonso Pena, em detrimento de sua pretendida relação com o parque (o que veio a se agravar com a posterior construção das grades ao seu redor). Ainda em 1970, são realizadas, de forma integrada, duas exposições emblemáticas: Objeto e Participação, no Palácio das Artes, e Do Corpo à Terra, no Parque Municipal, ambas com curadoria de Frederico Morais. As exposições foram marcadas principalmente por obras-manifesto em resposta à situação política vigente, e envolveu artistas como Cildo Meireles, Artur Barrio, Lotus Lobo, Terezinha Soares, José Ronaldo Lima, Alfredo José Fontes, Luciano Gusmão e Dilton Araújo, entre vários outros.
Dado seu histórico no contexto urbano de Belo Horizonte, o parque assume uma relevância cada vez maior como área essencialmente coletiva, além de constituir um patrimônio ambiental considerável. O decréscimo de sua superfície verde ao longo dos anos reflete bem o processo de congestão urbana a que a cidade está submetida desde sua criação, onde os espaços vazios são constantemente substituídos pelas construções ou pela infraestrutura urbana, em especial a malha viária. Não por outro motivo, nos últimos dez anos a cidade de Belo Horizonte tem sido objeto de intervenções de artistas, arquitetos e designers, apontando para possibilidades de apropriação e restauro da condição urbana para uma democratização do uso do espaço urbano, contrariando seu fracionamento aparentemente inevitável em unidades privadas. Podem ser destacados: a ocupação de palafitas e lotes vagos para a ocupação coletiva (Louise Ganz e Carlos M. Teixeira com Amnésias Topográficas, 2003; Louise Ganz e Breno Silva com Lotes Vagos, 2005); o Bolsa Pambulha de 2008-2009, com a proposta de Sylvia Amélia de retraçar os limites originais do Parque Municipal;a transformação do asfalto em gramado com o projeto Picnic na Mostra de Design e no Cidade Eletronika, 2009-2011; a criação de arquibancadas em pontos cegos nos cruzamentos das praças Sete e da Savassi, provocando um olhar inusitado sobre a paisagem urbana (Paulo Pederneiras e Fernando Maculan para o FIT, 2010); e a proposta de intervenções em muros da cidade, transformando-os em suportes expositivos (Bruno Vilela e Brígida Campbel, emMuros: Territórios Compartilhados, 2011).
     Assim como se estabelece uma linha de continuidade a estas ações urbanas, o reconhecimento da experiência de Objeto e Participação e Do Corpo à Terra é inevitável. Trata-se de referência importante ao projeto que aqui se apresenta que, 42 anos depois, deixa salientes alguns aspectos em comum: a adoção do Parque Municipal e do Palácio das Artes como local das intervenções e a formação de um grupo heterogêneo de artistas, de diferentes gerações e vertentes, para criar trabalhos específicos para o local. A Noite Branca no Parque vale-se ainda de uma pluralidade de meios de expressão e campos de atuação, amalgamados no ambiente orgânico do Parque Municipal e nele estabelecendo uma rede randômica de percursos e encontros.
Um trecho da grade que separa o Palácio das Artes do Parque Municipal é removido, num gesto que aponta para o início de uma reintegração física e simbólica: o teatro dentro do parque, como imaginado no projeto inicial do arquiteto Oscar Niemeyer; o parque dentro da cidade, como o esperamos reconhecer a partir desta noite branca.
Paulo Pederneiras – Diretor Artístico
Fernando Maculan, Francisca Caporali, Ricardo Portilho – Equipe Curatorial

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